Por Natuza Nery e Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - Ao dar posse ao novo ministro da Defesa nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o compromisso de que irá "brigar" para que os ministérios da Fazenda e do Planejamento sejam mais flexíveis com recursos. Para Lula, essas verbas fortalecerão Nelson Jobim no cargo.
Com dez meses de crise aérea no país, Lula afirmou que é preciso aproveitar o momento para que as diferentes instituições do setor --Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Conselho de Aviação Civil (Conac), Infraero-- "tenham uma única cabeça que decida".
Pires deixa o cargo extremamente desgastado oito dias depois do pior acidente da aviação brasileira, com o vôo 3054 da TAM, que causou cerca de 200 mortes, agravando uma crise iniciada com o desastre da Gol, em setembro.
"O Ministério da Defesa está aquém daquilo que é exigência da sociedade brasileira", afirmou Lula, sem detalhar se referia à estrutura do órgão ou à atuação de Pires.
O presidente voltou a insistir que é preciso ter cautela ao se buscar culpados e atribuir responsabilidades no acidente com o Airbus da TAM.
"Precisamos não transformar tragédias como essa em disputas menores", disse o presidente.
O presidente disse também que Jobim, ao substituir Waldir Pires, assume o cargo com força suficiente para fazer as mudanças que forem necessárias e com a tarefa de reestruturar e reequipar as Forças Armadas.
Logo após a posse, em sua primeira entrevista coletiva, Jobim afirmou que pretende definir eventuais mudanças no comando da Infraero e reestruturações no Ministério da Defesa até o final da semana.
Ele fez questão de deixar claro que está no comando do setor aéreo e das Forças Armadas. "Quem manda é o ministro", afirmou.
Na sexta-feira, Jobim viaja a São Paulo para visitar Congonhas e reunir-se com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Lula aproveitou ainda para fazer alguns afagos aos militares, também desgastados com a crise aérea, devido ao papel atribuído aos controladores de vôo nela.
"Há mais de 20 anos se vem desmontando as Forças Armadas nacionais", disse. "Precisamos começar agora a pensar o que vai acontecer com as Forças Armadas entre 10 e 15 anos."
MEDO DE VOAR
No discurso de posse, Lula recorreu às habituais palavras de improviso, formulando algumas frases desastradas. Primeiro, o presidente reconheceu o medo de voar e revelou que, a cada viagem, "entrega sua sorte a Deus".
Depois, tentando descontrair, disse não saber se era mérito ser advogado, referindo-se à profissão de Jobim e Waldir Pires.
Disse também que Nelson Jobim estava em casa "sem fazer nada", atrapalhando a mulher, quando foi convidado a se juntar ao governo. Ainda em relação a ele, Lula afirmou que o ministro não daria muitas despesas ao governo, pois ele, como ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, já ganha o teto salarial.
"O presidente da República, no momento em que tira um ministro e põe outro, é como um pai que se despede de um filho na porta e recebe outro", resumiu o presidente.
Uma hora depois, já na coletiva que concedeu à imprensa, foi a vez do novo ministro dar uma resposta menos usual. Admitiu que aceitou o convite de Lula, após duas recusas consecutivas, porque sua "mulher mandou".
CABEÇADAS
A informação sobre a saída de Pires deixou confusão. Ao confirmar a demissão, o Planalto afirmou que o ministro havia entregue o cargo. Menos de uma hora depois, a assessoria de imprensa da Presidência se corrigiu e disse que Pires havia sido demitido.
Antes da posse, no entanto, o Planalto informou que o Diário Oficial desta quinta-feira trará a exoneração de Pires "a pedido". A explicação para a versão final é que Pires teria solicitado que a expressão demissão fosse evitada para não passar a idéia de "ruptura".
quinta-feira, 26 de julho de 2007
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